Relatório
concluiu que danos provocados pelo excesso de açúcar são tão graves quanto os
causados por bebida alcoólica e cigarro
Segundo artigo publicado nesta quinta-feira na
conceituada revista Nature, o açúcar deve ser
controlado da mesma maneira que o álcool e o tabaco como forma de proteger a
saúde pública. O relatório, feito por pesquisadores da Universidade da
Califórnia, São Francisco (UCSF), nos Estados Unidos, considerou que os
prejuízos provocados pelo consumo exagerado do açúcar estão contribuindo para a
pandemia global que se tornou a obesidade e, consequentemente, para o aumento
da mortalidade por doenças crônicas não transmissíveis.
Os dados do relatório revelam que o consumo mundial
de açúcar triplicou nos últimos 50 anos e que esse quadro é um dos grandes
responsáveis pelo aumento do número de obesos. Mas, segundo os pesquisadores, a
obesidade pode ser um marcador para os danos provocados pelos efeitos tóxicos
do açúcar, o que ajudaria a explicar o porquê de 40% das pessoas com síndrome
metabólica, que pode levar ao diabetes, a doenças cardíacas e ao câncer, não
serem clinicamente obesas.
Calorias e toxidade- Os
cientistas que desenvolveram o estudo formaram um grupo interdisciplinar
composto por especialistas em endocrinologia, saúde pública e sociologia.
Segundo os pesquisadores, os prejuízos do açúcar vão além do excesso de
calorias e do ganho de peso. Se consumido em grande quantidade, o que não é
incomum principalmente nos países ocidentais, ele pode alterar o metabolismo do
indivíduo, aumentando sua pressão arterial, interferindo no funcionamento dos
hormônios e provocando danos significativos ao fígado. Esses problemas de
saúde, de acordo com o relatório, são semelhantes aos provocados pelo excesso
de álcool.
“Assim como existem gorduras boas e más, há
calorias boas e ruins. O açúcar, além de calórico, é tóxico. Mas, enquanto as
pessoas o considerarem apenas como ‘caloria vazia’, não haverá resolução dos
problemas vindos do seu excesso de consumo”, afirma Robert Lustig, professor da
UCSF e um dos autores do estudo. “Porém, mudar padrões como esse é muito
complicado”.
Formas de controle- Os
autores do relatório ainda chamam a atenção para o fato de que medidas
individuais de redução de açúcar não são suficientes para que o problema acabe.
Eles defendem que soluções ambientais e sociais, assim como as que foram
tomadas em relação ao álcool e ao tabaco, são fundamentais. Medidas como
cobrança de impostos sobre vendas, controle do acesso e maiores exigências em
relação ao licenciamento de lugares que vendem alimentos com alto teor de
açúcar em escolas, por exemplo, são algumas das sugeridas pelo documento.
“Não estamos falando de proibição e nem defendendo
uma imposição maior do governo na vida das pessoas”, afirma Laura Schmidt,
professora da UCSF e outra autora do estudo. “Nós estamos considerando maneiras
suaves para tornar o consumo de açúcar um pouco menos conveniente. O que
buscamos é aumentar as opções e o acesso a alimentos que não sejam tão
carregados em açúcar”, diz a professora.
FONTE: VEJA

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