No Brasil, os casos de aids em idosos também
dobraram entre 2000 e 2010
O número de casos de doenças sexualmente
transmissíveis (DST) entre pessoas acima dos 50 anos dobrou na última década. O
dado alarmante acaba de ser publicado em um editorial do periódico médico Student
BMJ. Entre as doenças que despontam na lista de transmissões citadas pelo
estudo estão sífilis, clamídia e gonorreia.
No editorial do Student BMJ, os médicos
Rachel von Sinson, do King’s College London, e Ranjababu Kulasegaram, do St
Thomas’ Hospital London, citam uma pesquisa que mostra que 80% dos adultos entre
50 e 90 anos são sexualmente ativos. Estatísticas mostram um aumento nos casos
de sífilis, clamídia e gonorreia na Inglaterra, Estados Unidos e Canadá nas
pessoas entre 45 a 64 anos.
Existem ainda poucas pesquisas sobre as razões por
trás do aumento no número dessas doenças. Uma das hipóteses é a de que ela se
deva às mudanças físicas — mulheres na menopausa são mais vulneráveis a uma
DST. Além disso, alguns dados mostram que os homens que usam drogas contra a
disfunção erétil têm mais chances de serem diagnosticados com uma DST no
primeiro ano de uso do remédio.
De acordo com os autores, de posse desses dados, os
médicos deveriam encorajar discussões sobre sexo seguro, independente da idade
do paciente. "O profissional não deve deixar de investigar infecções
sexualmente transmissíveis em idosos."
Brasil — No Brasil, o
Ministério da Saúde não tem dados sobre o índice de transmissões das DSTs,
porque a notificação não é obrigatória. A única doença a ter registro é a aids.
Segundo dados do Boletim Epidemiológico Aids e DST/2011, feito pelo Ministério,
o número de novos casos entre pessoas acima de 50 anos passou de 2.707, em
2000, para 5.521, em 2010 – um aumento de 103%.
De acordo com Jean Gorinshteyn, infectologista
responsável pelo Ambulatório do Idoso do Hospital Emílio Ribas, esse aumento no
número de casos pode estar sendo causado pela combinação de drogas para
disfunção erétil e falta de costume do uso da camisinha. “Essas pessoas não
estão acostumadas a usar camisinha, e quando a usavam era para evitar uma
concepção indesejada, não uma DST”, diz.
Entre os idosos, os homens são as principais
vítimas: no ambulatório coordenado por Gorinshteyn, 75% dos infectados são do
sexo masculino. Dos cerca de 120 pacientes (entre homens e mulheres) atendidos
no local, 90% têm entre 60 e 65 anos, 80% são heterossexuais e 78% são casados.
"A mulher normalmente tem uma baixa na libido com a menopausa. Já o
homem, com a existência de drogas contra a disfunção erétil, acaba, muitas
vezes, prolongando sua vida sexual”, diz o especialista.
FONTE: VEJA

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